Lembro-me como se fosse ontem, o que nos disse em visita a nossa redação em dezembro de 2000, o saudoso empresário André Antônio Maggi: “Há mais ou menos oito meses nós vínhamos negociando. E este negócio me deixa extremamente feliz por que vamos ter aqui em São Miguel do Iguaçu a presença de um Grupo que tem credibilidade não só no Brasil, mas em mais de 60 países.
Eu trabalho com a Cargill há mais de 20 anos e eles são pessoas que honram com os seus compromissos e o meu grande desejo era ver esta fábrica funcionando e ser vindo como mais uma alternativa de renda para os pequenos e médios produtores, que hoje estão praticamente na dependência do milho e da soja”, nos dizia André.
E hoje? Veja a nota que nos foi enviada pela Daniela Martins, Coordenadora de Comunicação da empresa: “A Cargill esclarece que decidiu por encerrar as atividades de sua unidade de modificado de amidos alimentícios e industriais localizada em São Miguel do Iguaçu, no Paraná, a partir do dia 31 de maio de 2015.
A decisão se deu após uma avaliação cuidadosa da situação e o esgotamento das tentativas da empresa em permanecer no local, e foi ocasionada devido à desvantagem competitiva que a unidade apresentou nos últimos anos por conta de sua posição de alto custo no acesso à matéria prima.
Todas as operações, clientes e serviços da planta de São Miguel do Iguaçu estão sendo avaliados com o objetivo de serem transferidos para a fábrica de Uberlândia, em Minas Gerais. As outras três unidades produtoras de amidos e derivados não serão afetadas pela decisão.
A Cargill mantém o compromisso de dar toda a assistência prevista aos funcionários, fornecedores e clientes da unidade. Agradecemos imensamente a contribuição de nossa equipe em São Miguel do Iguaçu durante esses catorze anos de operações”.
O que estamos perdendo? Como muito bem descreveu no ano de 2000 o saudoso empresário André Antônio Maggi, estamos perdendo uma das mais bem conceituadas empresas no ramo de produção e comercialização de produtos e serviços alimentícios, agrícolas, financeiros e industriais – uma das maiores indústria de alimento do País.
Atualmente com 145 mil funcionários em 67 países, comprometidos em alimentar o mundo de forma responsável, reduzindo impactos ambientais e melhorando as comunidades onde vivem e trabalham. Destes 145 mil funcionários – cerca de 70 são da unidade de São Miguel do Iguaçu. Com sede em São Paulo (SP), a empresa está presente em 16 Estados brasileiros por meio de unidades industriais e escritórios em 156 municípios e mais de 9 mil funcionários.
O Diretor da Unidade de São Miguel do Iguaçu, o Engenheiro Químico, Maurício Sarda, em visita a nossa redação – nos falava com entusiasmo do seu novo desafio a frente da empresa no Estado de Goiás, onde uma nova tecnologia para extrair álcool do milho está sendo implantada. “Com essa nova tecnologia que é pioneira no Brasil, nós vamos poder funcionar seis meses com a fécula e seis meses extraindo álcool de milho fechando o ciclo. Antes existia rotatividade de funcionários, tendo em vista que a matéria prima local com a mandioca durava apenas seis meses”, nos dizia Maurício.
Por que São Miguel não se preocupou com a plantação de mandioca, a matéria prima usada por esta Fábrica...
É de conhecimento de todos que a Cia. Lorenz, empresa que havia arrendada essa Fábrica do Grupo Maggi na década de 90 – em 1998, passou por dificuldades financeiras e teria deixado diversos produtores do município e da região - que forneciam a matéria prima para a indústria em difícil situação.
E na sequencia, não houve um trabalho a nível local, na tentativa de afastar aquela imagem negativa deixada pela Lorenz junto aos produtores locais... O fato é que uma importante Indústria está fechando as portas em nosso município.