Muito mais importante do que a obra que deverá ser inaugurada até o final do mês, é a intenção, é a proposta de humanização do sistema que está inserida nesta iniciativa, cujo nome é bem sugestivo – Projeto Esperança.
Diríamos que o delegado Francisco Sampaio, foi feliz até mesmo na construção do slogan deste Projeto, ao colocar no fundo um terreno árido, inóspito e até certo ponto inabitável, que representa o sistema carcerário de hoje no país. E mesmo assim, enfrentando todas as dificuldades, consegue germinar, crescer e se fortalecer com o apoio de toda a comunidade e dar uma nova esperança aos detentos e seus familiares.
“Com o apoio dos mais diversos seguimentos sociais, a obra já está praticamente pronta”, nos dizia o Delegado Francisco Sampaio ontem, com a alegria e o entusiasmo de um jovem empreendedor, feliz com os empresários que doaram o material e com o governo municipal que está repassando a mão de obra.
Esta sala onde o Projeto Esperança será colocado em prática, terá a sua estrutura voltada ao ensino profissionalizante dos detentos. No primeiro momento, segundo Sampaio, os mesmos terão a oportunidade de aprender a ser eletricista e a trabalhar na confecção de fraldas que serão distribuídas a população através da secretaria de Assistência Social Municipal.
Segundo ele, o curso de eletricista terá um professor oferecido pela ACISMI – Associação Comercial e Empresarial de São Miguel do Iguaçu. A confecção de fraldas será feita através de uma parceria entre a delegacia e a Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Assistência Social. “A demanda hoje da Secretaria de Ação Social, segundo nos informou a Secretária, é de mais de 4 mil fraldas por mês que são distribuídas as populações carentes. A máquina que será usada para a fabricação das fraldas será cedida em comodato pelo município”, explica, acrescentando que a produção de fraldas poderá chegar a 6 mil por mês..
(Foto: Guia Medianeira) Este Projeto de ressocialização é uma parceria entre os órgãos de segurança, o poder judiciário que de pronto entendeu e atendeu a solicitação do Delegado, a ACISMI, a Prefeitura Municipal, pessoas da comunidade, a Igreja Católica, Rede Massa e a Rádio Jornal São Miguel.
“O importante é fazer com que os detentos utilizem suas mentes para o bem, aproveitem o tempo que têm para aprender uma profissão e assim doando o serviço, diminuem o tempo de detenção, a cada três dias trabalhados, um dia é abatido na pena”, descreve.
Para o presidente da Associação Comercial, empresário Leonardo Triaca, por exemplo, um dos pontos fortes desta iniciativa do Dr. Francisco, é o envolvimento, a mobilização social em prol de algo positivo, producente.
“São iniciativas como estas que ajuda resgatar o comprometimento de todos. Dá uma nova esperança não só ao detento, mas também aos seus familiares”, ressalta Triaca.
Para o Padre Leonardo Albani, pároco local, ações como essas contribuem para reduzir os níveis de violência e auxiliam na recuperação do detento, ajudando na reintegração do mesmo. “Sou novo nesta Paróquia, mas assim que o Delegado esteve nos procurando, levei a idéia para o Conselho. Inicialmente, estamos ajudando financeiramente, mas, esse seu Projeto já faz parte dos três Programas sociais que a Igreja tem uma preocupação maior”, me disse ele – citando como as outras duas preocupações o Lar dos Idosos Dom Scalabrine e a Pastoral da Criança.
Para o presidente do Legislativo Municipal, vereador Valdir da Silva, iniciativas como essa faz despertar no coletivo social, uma nova visão do sistema carcerário. No seu ponto de vista, pelo simples fato deles verem que alguém está preocupado em dar uma nova direção na sua vida, é um passo importantíssimo para a sua reintegração social. “É uma chance que eles têm de mudar, de ter um futuro melhor para ele e os seus familiares. Depois de ter pagado a sua pena, ele vê isso como uma nova esperança, independente do que tenha feito no passado”, acredita.
Para o empresário Vilson Sperfeld, um dos Diretores do Grupo SR, o que se vê hoje nos noticiários é que o sistema carcerário do país não passa de um amontoado de presos disputando espaço, sendo obrigados a conviverem num ambiente hostil. “Com esse Projeto, o Dr. Sampaio chama a atenção para esse aspecto humanitário. Por enquanto é apenas uma obra – mas em breve, a nossa esperança é que essa mentalidade pedagógica seja colocada em prática, frutifique e dê bons frutos, sendo exemplo para os demais”, deseja Vilson.
Os principais veículos de comunicação da região dando visibilidade a esta iniciativa...