Na semana passada, um amigo me passou o áudio de uma gravação que ele tinha feito de uma desavença familiar, entre ele e a sua ex-esposa. Aliás, uma situação bem anormal, tendo em vista que, mesmo sendo sua ex-esposa e estando divorciados legalmente, moravam juntos no mesmo teto...
Como assim, perguntei. “Separamo-nos judicialmente e como temos uma filha desse relacionamento - posteriormente como ela não tinha onde morar – ela me pediu e eu aceitei que ela usasse um dos quartos da casa, até para ajudar a cuidar da menina”, me disse ele.
“Mas quem arca com todas as despesas da casa como água, luz, comida, sou eu. Ela ajuda na limpeza da casa e também no cuidado com a nossa filha. Mas a casa é minha, comprei e escriturei no meu nome muito antes de nós termos esse relacionamento”, conclui.
O que mais me surpreendeu nesta gravação, foi à dose excessiva de mágoa e rancor – sem contar, é claro, do nível do diálogo – palavras ofensivas e repulsivas sem a mínima consideração com a própria filha, que estava ao lado, ouvindo e assistindo a esse teatro da vida real...
Por que estou escrevendo isso? Primeiro por que tudo acabou desaguando na Delegacia de Polícia, onde esse meu amigo foi preso, fotografado e logo em seguida liberado – e nos próximos dias deve se apresentar numa audiência no Fórum...
Segundo, porque ouvindo atentamente a gravação, o que se nota é que quem tomou a iniciativa de denunciar esse caso para a Polícia, foi ele e não ela. Na gravação, inclusive se vê com nitidez que ela entra na frente da porta do carro e não permiti que ele entrasse no seu próprio carro para ir fazer a denúncia, tentando fazê-lo desistir de ir registrar a queixa...
Quanto vê que não consegue, ela fala: “Então quem vai denunciar primeiro sou eu dizendo que você me agrediu”. Pega o telefone e liga para a polícia. Ele foi preso na esquina da quadra onde reside. Hoje ele está afastado da casa e não pode chegar a uma distância de 200 metros dela e morando de favor numa outra residência..
Porque estamos relatando esse fato, mesmo omitindo o nome dos personagens? Estamos omitindo o nome dos personagens por que se trata de família – e muitas vezes, a mágoa passa, o casal se acerta e a paz volta a reinar no lar.
E estamos relatando esse fato para que sirva de alerta aos desavisados... Se o agredido não tivesse essa gravação, estaria já de antemão condenado pela sociedade como um todo e quem sabe, num futuro próximo, até mesmo pelo judiciário...
O que fazer?
Defendo o mesmo ponto de vista do jurista Neemias Moretti Prudente de que “os conflitos familiares, antes de serem conflitos de direito, são essencialmente afetivos, psicológicos, relacionais, antecedidos de sofrimento. Logo, para uma solução eficaz, é importante a observação dos aspectos emocionais e afetivos”, nesse caso em especial, onde pelo visto já não existe mais o respeito mútuo, o puxão de orelha deve ser forte e educativo...
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