Fonte: Tribuna Popular: www.jtribunapopular.com.br - Eles começaram há aproximadamente quatro anos, mas nos últimos tempos estão cada vez mais frequentes e ousados. Não bastassem os ataques de contrabandistas e traficantes, a marinha paraguaia tem alvejado, com frequência, embarcações da Polícia Federal brasileira em boa parte da extensão no rio Paraná, na divisa entre os dois países durante navegações operacionais.
“Quase todos os dias quando nossas embarcações descem o lago acontece e são tiros de fuzil”, alerta um deles. Quando não são oficiais do país vizinho, são contrabandistas. Segundo agentes, em alguns desses casos oficiais e contrabandistas estão aliados forçando, inclusive, o resgate de embarcações interceptadas do lado brasileiro, carregadas com mercadorias. “Neste ano já tivemos um caso assim no Mato Grosso do Sul e não adianta dizer que era território paraguaio porque estávamos na divisa entre o Paraná com o Mato Grosso do Sul”, conta um agente.
Na Delegacia, a informação é de que todos esses episódios são comunicados oficialmente ao Ministério da Justiça. Se houve acordos diplomáticos ninguém sabe, mas isso tem exigido que a PF se equipe com armas de grosso calibre e adquira equipamentos blindados, como as duas lanchas, uma de Foz do Iguaçu e outra de Guaíra. A última foi adquirida recentemente.
O Paraná tentou, de diversas formas, obter um posicionamento do Ministério da Justiça sobre esses fatos, mas não houve manifestações nem retorno à solicitação de dados.
Envolvimentos de agentes públicos
O amparo de oficiais paraguaios a contrabandistas dificulta a ação de agentes brasileiros no controle à criminalidade na fronteira. Há dois meses, O Paraná tem relatado, em uma série de denúncias sobre a ação de pelo menos 20 grandes quadrilhas no entorno do lago de Itaipu. São armas, munições, drogas e cigarros trazidos ilegalmente e que fazem muitos milionários que sustentam o crime organizado em boa parte do País. “A informação de que há intervenção da marinha paraguaia só dificulta a atuação, uma vez que, do lado de cá, também há o forte envolvimento de agentes brasileiros com esses grupos”, complementa outro agente.
Gravidade dos casos
Até agora nenhum agente saiu gravemente ferido nesses confrontos, mas há poucos anos um deles levou um tiro na mão. “O governo brasileiro sabe de tudo isso. Com equipamentos mais potentes e seguros, a gente procura se cuidar, mas é uma situação bastante delicada”, afirmou um PF.
Quando o enfrentamento é com as quadrilhas, as próprias embarcações se tornam arma. No pátio do Nepom (Núcleo especial de Polícia Marítima) em Guaíra há duas delas que provam a razão.
Elas são totalmente de ferro e com motores bastante potentes. “Quando eles veem que somos nós, a primeira reação é atirar, a segunda, se nos não recuamos, é jogar o barco em cima da gente e eles fogem nadando. Então imagine um choque a mais de 100 quilômetros por hora com um barco desses o estrago que faz”, ressalta o PF.
E de fato faz. Uma lancha da Polícia Federal atingida há poucos dias, apesar de ter voltado do conserto, não deixava dúvidas do que esses barcos são capazes de fazer. Ainda é possível observar deformidades deixadas no casco enquanto que na interceptada, não há um único sinal de que havia se chocado com outra.
Fonte e Fotos: O Paraná