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DIANTE DA TELINHA DE ILUSÕES
  Data/Hora: 30.jun.2020 - 19h 41 - Colunista: Cultura  
 
 
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Por Dartagnan da Silva Zanela



Faz muito que não ligo uma televisão. Faz muito tempo mesmo que não sei o que é atirar a carcaça na frente da caixinha de ilusões para, estrebuchado, mergulhar num transe sorumbático diante da programação de algum canal de televisão.



Digo isso não para contar vantagem. Parecerá esquisito o que direi, mas só de pensar em ficar na frente dum aparelho de televisão me dá uma preguiça danada. Não sei por que cargas d’água, mas brota em mim uma má vontade sem par só de pensar em ver a telinha abrir os seus olhos para projetar suas sombras sobre minha alma através de seu brilho sem graça.



Bem, se esse eletrodoméstico é uma caixinha de perdição, fui salvo não por uma virtude cardinal, mas sim, por um vulgar vício carnal. É. Deus escreve certo, sempre, por entre linhas tortas. Glória a Ele!



Sim, eu sei que há muitas coisas interessantes na programação de um canal de televisão; porém, nem tudo o que é interessante acaba sendo necessariamente bom e, nem tudo o que se apresente como sendo aparentemente benévolo irá nos fazer realmente algum bem.



Espere aí; só um pouquinho. Devo estar divagando. Não. Não estou. É isso mesmo. Os meios de comunicação de um modo geral, mas a televisão e as redes sociais de uma forma particular, ocupam um papel central na vida moderna e, consequentemente, acabam por se tornar, como direi, os mentores do modo de vida que impera em nossa época.


Como bons mentores, a televisão e as redes sociais estão a nos instruir das mais variadas formas em qualquer tempo sobre os mais diversos assuntos e, nessa condição, esses trens estão nos inculcando valores e hábitos sem que nós nos demos conta disso, similar aquelas charges onde é retratado um sujeito qualquer que entra dum jeito numa máquina e sai dela, do outro lado, totalmente desfigurado.



Muitos são os novos valores que tomaram conta da mente dos caboclos modernosos, de nós, que acabaram tornando-se os novos critérios supremos para validação da importância de algo ou de alguém. Valores esses que simplesmente absorvemos através desses trambolhos tecnológicos.



A lista desses valores e critérios, infelizmente, não é nem um pouco apequenada, como também não é nem um pouco dignificante e, por isso mesmo, merecem a nossa atenção e ponderação.



Todavia, como havia dito linhas acima, a preguiça e a má vontade não me largam se estou diante de uma telinha, por isso, peço desculpas ao amigo leitor, mas irei apenas escrevinhar uma e outra palavrinha sobre um desses valores que, por influência da televisão e das redes sociais, acabaram ocupando um lugar central na vida contemporânea, degradando-a.



O sucesso. Isso mesmo. O sucesso acabou tomando o lugar central no dia a dia moderno, tomando o lugar da beleza, da bondade e da verdade.



Sem nos darmos conta, ou estando ciente disso, testemunhamos a deterioração de tudo o que está em nossa volta porque simplesmente tudo passou a ser julgado à sombra desse nosso ponto de convergência: o sucesso acima de tudo.



Para um indivíduo desse século, se algo é famosinho, logo é bom; se algo é repetido mecanicamente por um bom punhado de pessoas por algum tempinho, isso é verdadeiro; se algo arrasta o desejo dos indivíduos em uma temporada, isso é belo. Estando em alta, fazendo algum sucesso, qualquer tranqueira passa a ser considerada digna de nossa atenção e respeito, digo, da perda de ambos.



E num mundo onde tudo é tido como relativo, meu amigo, para melar todo o meio de campo da vida é dois palitinhos.



Por essas e outras que estou com o escritor portuga Antonio Lobo Antunes, e não abro, quando ele diz que o sucesso nada mais seria que um fracasso atrasado.



Isso mesmo. Um fracasso com retardo.



Há muitas razões patentes nessa afirmação feita pelo referido escritor lusitano. Muitas. Mas duas merecem, penso eu, serem destacadas.



Tudo o que ontem estava nas paradas de sucesso, que ocupava o centro das atenções agrilhoadas às telas midiáticas, em pouquíssimo tempo tornaram-se óbolo de vergonha. Quer dizer, sempre foram uma vergonha, mas como o tal do sucesso tomou o lugar da beleza, da bondade e da verdade, acabamos por não nos dar conta do fiasco em tempo hábil.



E tem outra. Nesta vida, todos nós saímos derrotados. Pouco importa quem sejamos ou o que estamos fazendo, cedo ou tarde a realidade da brevidade de nossa passagem por esse vale de lágrimas baterá junto a fronte de nossa alma e aí, todas aquelas superficialidades que tanta importância dávamos, só porque muitos faziam o mesmo, revelar-se-ão a nós como de fato o são: pó e sombras. Pó e sombras que eram incensados pelos aromas do momento sem conexão alguma com a eternidade.



A instantaneidade fomentada pelas mídias fazem nossos corações se voltarem para a efemeridade dos momentos vazios e nos distanciam de tudo aquilo que poderia nos auxiliar em nosso encontro com aquilo que é muito mais nós do que nós mesmos e isso, me parece, é uma baita duma barbaridade que toma conta de nossa época. Não é a única, mas, por sua natureza, fomenta várias outras que, de mãos dadas estão reduzindo nossa humanidade a um punhadinho de distrações e banalidades.
 

(*) professor, escrevinhador, poeteiro, radiador e bebedor de café.
 
 

 

 

 
 
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