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O que se opõe à fé não é o ateísmo, mas o medo
  Data/Hora: 11.nov.2012 - 7h 4 - Colunista: Cultura  
 
 
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Leonardo Boff - Tribuna da Imprensa - O deserto é uma realidade misteriosa e uma metáfora fecunda do percurso contraditório da vida humana. Atualmente, 40% da superfície terrestre estão em processo avançado de desertificação. Os desertos crescem na proporção de 60 mil km² por ano, o que equivale a 12 hectares por minuto. No Brasil, há 1 milhão de km² em processo de desertificação. Só no Nordeste e em Minas Gerais, são 180 mil km². O fenômeno é uma ameaça para as colheitas. A migração de populações se deve ao desflorestamento, ao mau uso dos solos, às mudanças climáticas e aos ventos.

 

O maior deserto do mundo, o Saara, possui uma superfície maior que a do Brasil. Há 10 mil anos, era coberto por florestas tropicais. Contém fósseis de dinossauros e sinais arqueológicos de antigas civilizações. Outrora, o rio Nilo desaguava no Atlântico. Nessa época, ocorreu uma drástica mudança climática que o transformou numa savana e, depois, num deserto extremamente seco. Não é um sinal para a Amazônia?

 

Mas a vida sempre é mais forte. Ela resiste, se adapta e acaba triunfando. Ainda hoje, nos desertos, viceja vida: mais de 800 espécies vegetais, insetos e animais. Basta soprar um vento mais úmido ou caírem algumas gotas de água para a vida irromper, soberbamente. E, quando há um oásis, a natureza parece se vingar: o verde é mais verde, os frutos, mais coloridos, e a atmosfera, mais ridente.

 

Com sua tecnologia, o ser humano devolve o deserto à civilização, como ocorre nos Estados Unidos, na China e no Chile. Essa é a realidade da ecologia exterior do deserto.

 

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DESERTO INTERIOR

Mas há os desertos interiores. Cada pessoa tem seu deserto para atravessar em busca de uma “terra prometida”. É um percurso penoso e cheio de miragens. Mas a espera sempre um oásis para se refazer.

 

Há desertos e desertos: desertos dos sentidos, do espírito, da fé. O deserto dos sentidos ocorre especialmente nas relações interpessoais. Depois de alguns anos, a relação de um casal conhece o deserto da monotonia e a diminuição do mútuo encantamento. Se a travessia não for feita, permanecerá o deserto desalentador.

 

Há ainda o deserto do espírito. No século IV, quando o cristianismo começou a aburguesar-se, leigos cristãos propuseram a manter vivo o sonho de Jesus. Foram ao deserto para encontrar uma terra prometida em sua própria alma. E a encontraram. São João da Cruz fala da noite do espírito “terrível e amedrontadora”. Mas o resultado é uma integração radical. Então, da aridez, nasce o paraíso perdido. O deserto é metáfora dessa busca e desse encontro.

 

Por fim, há o deserto da fé. Hoje, vive-se na Igreja Católica um deserto, pois a primavera que significou o Concílio Vaticano II se transformou num inverno severo por obra de medidas tomadas pelo Vaticano no esforço de manter tradições e estilos que têm a ver com o modelo medieval de poder eclesiástico. Ela se comporta como uma fortaleza fechada aos apelos dos povos. É um modelo de Igreja do medo, o que revela insuficiência de fé e de confiança no Espírito de Jesus.

 

O que se opõe à fé não é o ateísmo, mas o medo. Uma Igreja cheia de medos perde sua principal substância, que é a fé viva. Os crimes de pedofilia de muitos religiosos e os escândalos financeiros do Banco do Vaticano fizeram com que muitos fiéis conhecessem o deserto, migrassem da instituição, embora mantendo o sonho de Jesus e a fidelidade aos evangelhos. Vivemos num deserto eclesial sem vislumbrar um oásis pela frente. Será o nosso desafio, o de fazer, mesmo assim, a travessia com a certeza de que o Espírito irromperá e fará surgirem flores no deserto. Mas como dói!

 
 

 

 

 
 
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