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Orestes José Gasperrini, uma história de luta que poucos conhecem... E o que ele gostaria de dizer ao Promotor sobre o Lar dos Idosos
  Data/Hora: 17.dez.2015 - 9h 50 - Colunista: Cultura  
 
 
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Um olhar mais apurado é possível observar que ainda existe um contingente muito grande de pessoas que não dão a devida consideração aos mais velhos. “Essa tendência é resultado da supervalorização que se faz da juventude em detrimento a tudo o que pode ser considerado mais antigo”, dispara seu Orestes Gasperrini, com inteligência e perspicácia do alto dos seus 83 anos de idade em recente visita a nossa Redação.

 

“Pessoalmente confesso que não tenho tido problema com isso – talvez, seja por que mentalmente me considero bastante jovem”, brinca Gasperrini, como se estivesse fazendo piada da própria vida. Seu Orestes é natural de Encantado – RS, onde nasceu em 1932 e viveu até os 25 anos de idade. 

 

Mesmo com a idade avançada (8.3), seu raciocínio é rápido, dirige o seu próprio veículo e se vira “nos trinta”, como se diz na gíria, para sobreviver com um salário mínimo de aposentadoria como agricultor. Um idoso, que mais parece um jovem senhor, bem articulado e com uma disposição de fazer inveja.

 

Na bagagem, tudo registrado com fotos e documentos, carrega uma história de vida bastante interessante – interligada com os movimentos sociais que marcaram época em nossa região. Ele é uma das peças do grupo dos cinco que coordenou o Movimento Justiça e Terra, que travaram uma luta histórica contra o Governo do Estado e contra a Itaipu para que os agricultores recebessem um preço justo pelas terras indenizadas pela Itaipu na década de 80. Foi o último morador a deixar o Distrito Judiciário de Itacorá, hoje município de Itaipulândia.

 

Seu orestes (a direita com cara de Charles Bronson) - foto tirada no primeiro acampanhamento do Grupo na cidade de Santa Helena na década de 80, junto com os cinco líderes do movimento.

 

“O primeiro acampamento que fizemos foi no município de Santa Helena e posteriormente se deslocamos até Foz do Iguaçu onde ficamos por 57 dias acampados sofrendo pressão da Polícia Militar e dos Guardas da Itaipu, até sermos recebido pela Direção da Itaipu”, relembra.

 

“Lutamos e resistimos até que o último agricultor fosse indenizado. Em 1983, pegamos dois indígenas que residiam nas margens do Rio Paraná e o levamos até Foz do Iguaçu para falar com o General Costa Cavalcanti. Foi nesse encontro que ficou acordado que seria repassada a eles uma área de 9.000 mil m2 – hoje, a Reserva Indígena Ava Guarani. Não sei se a reserva ainda tem só esse tamanho”, conta, mostrando em seguida cópia do documento assinado na época e fotos do encontro com o General Costa Cavalcanti.

 

O primeiro acampamento na cidade de Santa Helena

 

- Posteriormente, o que o senhor fez, perguntei.

- “Em 1983 fui para Minas Gerais, onde fiquei por cinco anos, abrindo frente para novos assentamentos das pessoas que foram desalojadas com o alagamento de Itaipu”, resume, falando com candura, com paciência, como se estivesse revivendo em segundos toda uma vida de luta.

 

“De Minas Gerais eu fui para o Piauí, onde fiquei por 27 anos. Em 2014, retornei para São Miguel do Iguaçu. Até o mês de outubro, estava residindo no Lar dos Idosos e hoje, moro sozinho numa quitinete”.

 

- O que houve, não gostou de morar no Lar dos Idosos?

 

- “Sou uma pessoa muito observadora e gosto que as coisas funcionem da melhor forma possível, dentro das possibilidades, é claro. As pessoas da minha idade gostam de falar, compartilhar conhecimentos e experiência, mas nem todos sentem o prazer de ouvir”, ponderou com uma tranqüilidade abrasadora.

 

- Pelo o que estou entendendo faltou comunicação, interatividade?

 

- “Certo dia eu resolvi falar o que estava sentindo e não fui bem interpretado. Disse a eles: As pessoas que estão aqui seja através do repasse do aposento ou do pagamento por parte dos familiares – todos estão pagando. Ou seja: o patrão aqui somos nós e não os funcionários que prestam serviço para o Lar dos Idosos. Eles não gostaram”, afirmou.

 

- Mas por que o senhor disse isto?

 

- “Maltratar um idoso não é só bater. Empurrar ou puxar uma cadeira sem dizer dá licença, muito obrigado não é nada respeitoso. Dizer vai pra lá de cara feia, ser indelicado na hora de administrar um remédio, pegar o idoso dizendo que ele tem que sentar aqui, ou ali, tudo isso é considerado maus trato e está tipificado no Estatuto do Idoso”, me disse, com elegância, com aquela calma de água profunda...

 

- O Senhor não gostou e saiu do Lar dos Idosos, então?

 

- “Pediram para eu me retirar e ceder a vaga para outro. Não gostaram das minhas observações. A minha intenção era sair no final de ano, mesmo. Tentei por duas vezes falar com o Promotor – mas, infelizmente não consegui. Fui atendido por um funcionário, segundo ele o Dr. estava ocupado naquele momento”.

 

- E o que o senhor queria falar com o Promotor?

 

- “Eu queria dar uma sugestão. Eu ia pedir para que fossem colocadas Câmeras com áudio no refeitório e que a Assistente Social fosse contratada por cinco dias por semana e não somente 10 horas, pois, essas 10 horas são consumidas com atendimentos burocráticos internos e não sobra tempo para atender os idosos.  Acredito que esse simples gesto, ajudaria muito”, relata.

 

- Posso fazer uma matéria e relatar isso que o senhor está me dizendo?

 

- “Sim. Pode fazer. Isso pode ajudar as pessoas que ainda estão lá. Quero deixar claro que o intuito desta matéria é ajudar a melhorar o que já está sendo feito, jamais atrapalhar. Pessoalmente, tenho o maior carinho por todos que lá estão. A irmã, por exemplo, apesar de ser uma pessoa muito segura e rude, as suas intenções são boas. Tenho muitos amigos lá. E o Lar dos Idosos envolve a Igreja, a comunidade e todos têm um grande carinho por essa Instituição. Não sei se você entendeu o meu desabafo.

 

O que eu quero é que os idosos que lá estão, longe dos seus familiares, recebam mais carinho, mais atenção. Isso é bom para eles e melhor ainda para as pessoas que trabalham com eles. Ajudar o próximo, é uma estrada de mão dupla – tudo volta em dobro para nós – esse é um dever espiritual, é um ato de cidadania que deveria ser praticado e colocado em prática por qualquer pessoa, afinal, todos nós um dia vamos ficar idosos”, ensina.

 

- Meus parabéns seu Orestes por essa visão humana e sensata...

 

- “Essa questão dos idosos no meu ponto de vista deveria ser tratado mais nas escolas. Os professores deveriam trabalhar mais esta questão, mostrar aos nossos jovens que esse mito da juventude eterna não é bem assim. Compreender o processo de envelhecimento é valorizar o seu próprio futuro, afinal, só não envelhece quem morreu antes de envelhecer.  

 

 

Seu Orestes e as lideranças do Movimento, em reunião com o General Costa Cavalcanti, presidente da Itaipu Binacional

 

Documento que foi assinado pelo General Costa Cavalcanti e as lideranças do Movimento no dia em que foi acertado a área de 9000m2 para a Reserva Indígna Avá Guarani em São Miguel do Iguaçu

 

 

Seu Orestes em 1979, recepcionando Leonel de Moura Brizola, na chácara do Agenor Cola em São Miguel do Iguaçu

 

 
 

 

 

 
 
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