POR Mia Couto - fonte: Jornal o Dia
Antes de dormirmos a mãe vinha esticar os lençóis que era um modo de beijar o nosso sono. Lembro da minha avó Júlia. Quando dormíamos em sua casa ela passava na cama de cada neto e ajeitava o lençol, para que o mesmo não saísse da cama durante o sono agitado da infância. Quase todos os dias o meu lençol amanhecia no chão e eu feliz dormia espalhada no colchão sem nenhuma proteção. Minha mãe repetia a cena em nossa casa e eu fingia que dormia enquanto ela arrumava o lençol e o cobertor. Embolava em meu corpo e eu me sentia protegida e aquecida.
Escrevo essa cena e sinto direitinho o calor e o perfume da minha mãe e da minha avó, afagos que se tornam parte da gente. Maio é um mês azulzinho e que traz, além dos primeiros dias frios do ano, a data para reverenciar as mães. Uma celebração do amor maior! Uma festa para deixar os corações maternos ainda maiores, se é, que isso é possível. Um dia festivo, de sorrisos e de muitos dengos! Beijos, abraços, flores, mensagens do mais puro amor, preenchem todas as horas desse dia que não tem data marcada.
O segundo dia de maio, pode ser todos os dias do ano, as mães não têm dia marcado para amarem e serem amadas. Nesse dia não há como não desejar um almoço com o seu prato preferido, uma casa com música, um vaso cheio de flores, muitos telefonemas, muitas mensagens e muitos presentes. Nesse dia não há tristeza, porque nunca deixamos de ter mãe, somos filhos para sempre e por mais que tenhamos saudades das mães que já não estão perto da gente, temos sempre o coração cheio do amor materno. Mãe é mesmo uma pessoa, uma mulher que não tem comparação. Sempre únicas na forma de amar, de expressar, de cuidar, de desejar que o seu filho seja a pessoa mais feliz do mundo! Para mim, assim são as mães! Sendo professora, sou uma ouvinte constante das mães.
Todas com os mesmos desejos, preocupações, aflições e o mesmo sorriso quando eu amenizo as ansiedades maternas das mães dos meus pequenos alunos. Mãe é isso: um turbilhão de emoções todos os dias! Os filhos são os presentes de todas as mulheres-mães. São perfeitos aos seus olhos e em seus corações jamais ficarão grandes. Os filhos podem até ser para a vida, mas no fundo, bem lá no fundo, eles são para sempre, somente das MÃES. Sintam-se beijadas todas as mães que fazem, ou fizeram parte da minha vida. Sempre únicas e especiais para mim. Sempre por perto. Para um carinho, para uma alegria, para um consolo. Amo vocês por tudo que são!
✔ MiaCouto
(Crônica publicada no Jornal o dia)