Em declaração conjunta, grupo defende multilateralismo e faz críticas indiretas à política comercial e militar dos EUA. Bloco ainda pede ajuda humanitária a Gaza e reforma no Conselho de Segurança.
Por dw.com - Líderes do grupo de nações em desenvolvimento Brics condenaram neste domingo (06/07) os ataques ao Irã, à Faixa de Gaza, à Caxemira indiana e à infraestrutura russa durante a cúpula do bloco que acontece no Rio de Janeiro.
Em uma declaração conjunta, os países ainda criticaram o "aumento indiscriminado de tarifas" no comércio internacional e voltaram a pedir uma reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Em seu discurso de abertura, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva traçou um paralelo com os países em desenvolvimento que resistiram a se alinhar com qualquer um dos polos da ordem mundial durante a Guerra Fria.
"O Brics é o herdeiro do Movimento dos Não Alinhados", afirmou Lula. "Com o multilateralismo sob ataque, nossa autonomia está novamente em xeque", continuou.
"Se a governança internacional não reflete a nova realidade multipolar do século 21, cabe ao Brics contribuir para sua atualização. Sua representatividade e diversidade o torna uma força capaz de promover a paz e de prevenir e mediar conflitos."
No caso da Rússia, o grupo voltou a questionar sanções unilaterais "não autorizadas pelo Conselho de Segurança" e não menciona a agressão de Moscou contra a Ucrânia.
Além disso, avançou na declaração da última cúpula e criticou diretamente ofensivas contra a infraestrutura russa, que foram anteriormente reivindicadas por Kiev. "Condenamos nos termos mais fortes os ataques contra pontes e infraestrutura ferroviária que visaram deliberadamente civis nas regiões de Bryansk, Kursk e Voronezh", diz o documento.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, não participa do encontro devido ao mandado de prisão emitido contra ele pelo Tribunal Penal Internacional.
O presidente chinês, Xi Jinping, também não compareceu ao evento pela primeira vez em seus 12 anos de gestão. A ausência marca a cúpula sob a presidência brasileira em um momento em que a China tenta estabelecer uma postura mais crítica aos EUA no cenário internacional.