Por José Garcia de Souza, presidente do Centro de Letras do Oeste do Paraná – Celeopa,
Foto: divulgação/Internet - É sabido que só consegue ser universal quem consegue cantar o seu terreiro, a sua aldeia. Eis o grande motivo que me faz gostar tanto dos poetas, cronistas, contistas e romancistas regionais, a exemplo dos grandes escritores regionalistas, pré-modernistas, que sustentaram a Semana de Arte Moderna, de fevereiro de 1922 e que continuaram sustentando o Modernismo depois.
Até hoje o escritor ou escritora que consegue retratar o seu espaço ganha o mundo, não imediatamente, mas ganha, independentemente de ser ou não “PHD” (na Filosofia, em qualquer outra área, ou mesmo em Letras). Foi assim com Homero, com Camões e com o nosso ilustre brasileiro, Patativa do Assaré, mas o campo é amplo, tem espaço para todo mundo que se atreva, com algum esmero, a descrever a realidade em que vive com a originalidade que lhe for peculiar. Aqui conta mais o modo de fazer que a quantidade.
É evidente que o estudo sempre ajuda. Na verdade, é imprescindível. Quem não o teve, na escola tradicional, por falta de oportunidade, geralmente passa a ser um autodidata, como foi o caso de Patativa do Assaré.
O trabalho dos clubes do livro, da poesia e de todas as associações literárias muito contribuem não só para o incentivo à leitura, mas também para as criações literárias.
Voltando à literatura regionalista, nosso Paraná tem um patrimônio enorme. Não só na região Sul com Leminski, Trevisan, Kolody..., no Norte do Paraná com Domingos Pellegrini, com sua Terra Vermelha. Também aqui no Oeste do Paraná há escritores valorosos. Muitos ainda precisam ser descobertos. Descoberta que poderá ser feita principalmente por associações literárias. Descobrir esses talentos e preservá-los para a história, imortalizando-os, deveria estar na essência das chamadas Academias de Letras.
Desde 2018 que venho participando dos Encontros Anuais das Academias de Letras, Ciências e Artes do Estado do Paraná, onde pude não só conhecer ilustres escritores do nosso Estado, como também ler boa parte de suas obras. Isso me enriqueceu como pessoa, melhorando a qualidade dos meus escritos e me capacitando ainda mais nos meus trabalhos como voluntário nas escolas e em outras associações.
Gostaria de destacar aqui os últimos 3 livros de autores regionais que li. Todos impactantes, positivamente. Conto ou não conto? (2016), de Majô Baptistoni, de Maringá; O Grito no Silêncio (2024), de Janete Ferraz, de Cascavel; e Meu Ouro Verde (2025), de Davi Pereira, de Toledo.
Por essas e outras é que me disponho a organizar um livro dos escritores e escritoras do Oeste do Paraná, onde moro e vivo.
Saudações literárias,
José Garcia de Souza