Depois de peregrinar por diversos hospitais e diante da clara omissão de socorro dos médicos que atendiam pelo SUS, advogado se viu obrigado a vender sua própria Sala Profissional para pagar R$ 90.000,00 e salvar a vida da esposa.
Entenda o assunto:
Sua esposa, Ana Edite Comunello, 67 anos, professora aposentada, que por 35 anos contribuiu com a Previdência, sofreu acidente na BR-277, no último dia 05 de dezembro, numa quarta-feira. Socorrida pela Ambulância da Rodovia das Cataratas, foi transportada primeiramente ao hospital em Santa Terezinha, o local mais próximo do acidente.
Chegando lá, uma constatação: atendimento pelo SUS, não existe – e se existe, não funciona. Nem saiu de dentro da Ambulância. O médico de plantão, nem se quer a examinou e ordenou que a levasse para outro lugar porque pelo SUS ele não atenderia. “O SUS não me paga e só atendo se for particular”, disse o médico em alto e bom som para quem quisesse ouvir relata Dr. Adalgir.
Na mesma Ambulância Ana foi levada para o hospital Municipal de Foz do Iguaçu, onde, segundo ela depois de ficar por mais de seis horas no corredor em cima de uma maca, foi atendida. Horas depois teve alta, sobre a alegação de que estava boa.
“Ao chegar em casa senti que alguma coisa estava errada. Ela não conseguia se levantar e nem ficar sentada gritando de dor”, relata Dr. Adalgir. Através do SAS – Sistema de Assistência à Saúde, conseguiu-se uma nova intervenção no Hospital Cataratas, onde o descaso, segundo Adalgir, se repetiu. “Ela ficou cerca de 30 horas em cima de uma maca no corredor sem ser atendida. A solução foi contratar um médico particular para ir atendê-la lá”, explica.

Ao ser examinada pelo Dr. Aramis, uma constatação: “estava com uma vértebra quebrada e correndo risco eminente de ficar paraplégica – precisava ser operada com urgência”.
“Não tive outra escolha. Era a vida da minha esposa que estava correndo risco e paguei de imediato R$ 25.000,00. E apesar de estar em vigor desde o dia 28 de maio deste ano, a Lei 12.653/12, que torna crime exigir cheque-caução em hospitais, não tive alternativa. Me obriguei a dar um cheque caução de R$ 65.000,00, o qual também já foi pago”, relata Adalgir.
Segundo Ana, apesar de ter gastado os R$ 90.000,00, ela não tem nenhuma reclamação contra o Hospital Costa Cavalcanti. “Se hoje estou me recuperando e com perspectiva de voltar a ter uma vida normal e não ficar numa cadeira de roda para sempre, devo isso ao trabalho, a eficiência do Dr. Aramis e ao Hospital Costa Cavalcanti. Só os quatro parafusos, a prótese que eu precisei colocar na coluna teve um custo de R$ 55.000,00. Minha revolta é contra o tratamento que recebi nos hospitais conveniados pelo SUS. Além de ser professora aposentada, sou idosa e tenho os meus direitos”, desabafa a professora.
E a pergunta que se faz é: alguém irá preso diante de um flagrante crime de omissão de socorro como este? Que valor tem o cidadão que trabalhou, contribuiu e quando precisa é tratado assim – como (...) humano relegado a segundo, terceiro ou quarto plano?
Quem irá ressarcir o Dr. Adalgir que teve que vender o seu próprio local de trabalho que levou uma vida inteira para conseguir? Parafraseando o Francelino Pereira: Que país é esse? Ou melhor, que previdência é essa? Que médicos são esses que só se dispõe a examinar o paciente diante do vil metal?
Que sociedade é essa que assiste a tudo de braços cruzados e não tem coragem de se indignar? Que professores são esses que vê uma colega de sala de aula que por mais de 35 anos se dedicou a Educação e não tem sequer um gesto de indignação com uma situação desta natureza?